A arte de falar e fazer – resenha crítica

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Procrastinação é o desafio que a arte de falar e fazer, escrito por Geronimo Theml, o aclamado autor best-seller e especialista em produtividade, busca entender e superar. Baseado em evidências científicas e anos de pesquisa em neurociência, este livro oferece um olhar revolucionário sobre o porquê procrastinamos e como podemos quebrar o ciclo.

Neste livro, Geronimo desvenda os segredos de como nossas mentes funcionam e apresenta estratégias práticas para conquistar a arte de falar e fazer, tornando-se uma pessoa produtiva e realizada, tanto pessoal quanto profissionalmente. Com isso, você encontrará exemplos reais e exercícios práticos que o ajudarão a entender os motivos subjacentes à procrastinação e a aplicar estratégias específicas para superá-la.

Se você está cansado de ver seus planos ruírem e de sentir que está constantemente lutando contra o tempo, este livro será seu treinamento para vencer a procrastinação e retomar o comando de sua vida.


“A arte de falar e fazer é uma leitura obrigatória para quem busca sucesso e realização em qualquer área da vida.”

A autocrítica e a procrastinação diminuem a energia para fazer tarefas

Nossa rotina se baseia em cumprir tarefas. Além disso, temos responsabilidades na carreira, na família, no círculo de amigos e até com a nossa saúde. Como resultado, não temos todo o tempo do mundo. Portanto, somos como malabaristas que equilibram vários pratos ao mesmo tempo. Precisamos, assim, encontrar estratégias para responder a todas as demandas.

No entanto, o problema é que fazer o máximo possível é desgastante. Em algum momento, os pratos caem e a rotina fica caótica. Consequentemente, desistimos das metas. Passamos a criar objetivos de ano novo e, infelizmente, abrimos mão deles no meio do caminho. Assim, aprendemos a falar e não fazer, e, por isso, começamos a nos sentir preocupados.

Ademais, o julgamento negativo e a autocrítica ainda mais derrubam nossa energia e motivação para agir. Dessa forma, as pessoas entram em um ciclo de:

  • Se comprometer a fazer;
  • Não fazer;
  • Sentir culpa;
  • Produzir menos devido ao peso emocional;
  • Sentir ainda mais culpa;
  • Produzir ainda menos.

Procrastinar é assumir as consequências negativas

Procrastinar é adiar tarefas intencionalmente. Sua origem, que vem do latim “procrastinare”, significa “adiar até amanhã”. Quando procrastinamos, deixamos tarefas importantes para depois, mesmo sabendo que isso traz consequências negativas. Se isso acontece de forma constante, então nos tornamos procrastinadores crônicos.

Além disso, a procrastinação crônica atrapalha o cumprimento dos prazos e cria barreiras para realizar metas. Assim, esse ciclo se torna automático. As pessoas presas nele perdem compromissos e a motivação. Consequentemente, isso aumenta o estresse, atrapalha o sono e prejudica os relacionamentos. A influência da procrastinação faz com que a maior parte das pessoas se sinta sobrecarregada.

De fato, um estudo sueco mostrou uma relação entre procrastinação e saúde mental. Nos diversos casos analisados, os procrastinadores sofrem de depressão, ansiedade, estresse e problemas físicos ligados à má qualidade do sono e à ausência de atividade física. Portanto, enfrentar a procrastinação é uma tarefa urgente, pois ela interfere nos aspectos práticos da vida.

A procrastinação responde à urgência de lidar com emoções negativas

A procrastinação é uma estratégia que visa regular emoções no curto prazo. Ao responder à urgência de lidar com emoções negativas, observamos uma dissociação entre o eu atual e o eu do futuro. Isso acontece como se nos afastássemos das tensões difíceis que as tarefas desafiadoras ou chatas provocam.

Para escapar do medo, da insegurança e da ansiedade, optamos por realizar tarefas que nos proporcionam prazer imediatamente. Em vez de enfrentarmos horas desafiadoras de estudos, preferimos navegar no feed confortável das redes sociais. Agimos, portanto, para evitar o desconforto. No entanto, o problema é que, quando as consequências negativas chegam, buscamos ainda mais fugas.

Além disso, a procrastinação crônica é um comportamento irracional. Sabemos que ela está errada, mas isso não se transforma em ação. Os procrastinadores, na verdade, querem agir, porém não sabem como lidar com os mecanismos de prevenção do cérebro. Por isso, acabam priorizando tarefas menos importantes e sofrem com as consequências negativas disso.

Tudo o que fazemos mais de uma vez pode mudar um hábito e combater a procrastinação

Não somos treinados para fazer o cérebro vencer a procrastinação, pois ela é uma herança evolutiva. Embora não sejamos o animal mais forte do planeta, nossa espécie sobreviveu porque a seleção natural aprimorou nossa capacidade cerebral. No entanto, essa evolução tem um custo. De fato, uma quantidade enorme de energia é exigida para que o cérebro funcione corretamente.

Estima-se que 25% de toda a energia do corpo seja destinada ao cérebro. Assim, somos feitos para economizar energia. Um dos fatores que permitiu essa vantagem neurológica foi o domínio do fogo. Dessa forma, nossa espécie passou a economizar a energia originalmente usada na caça e a absorver melhor os nutrientes, graças a essa descoberta.

Nessa lógica, nos tornamos uma máquina de repetição. Tudo o que fazemos mais de uma vez pode mudar um hábito. Essa ideia, portanto, fundamenta tanto a procrastinação quanto sua cura. Além disso, outra razão evolutiva é o nosso passado de caçador-coletor. Assim sendo, buscar o caminho mais fácil sempre foi vantajoso para a sobrevivência.

Procrastinar é um hábito

Não existe uma cura milagrosa para a procrastinação. Além disso, não há reprogramação mental que faça o cérebro parar de buscar o caminho mais fácil. No entanto, procrastinar é um hábito que pode ser alterado. Tenha em mente que você não precisa vencer a procrastinação todas as vezes.

Na verdade, você só precisa de técnicas que o ajudem a vencer mais do que perder. Em alguns casos, mudanças simples e pequenas podem trazer resultados enormes. Por exemplo, Novak Djokovic, um dos maiores tenistas da história, ilustra bem essa ideia. Inicialmente, ele estava na 680ª posição do ranking mundial. No entanto, em apenas três anos, subiu para a 1ª posição. Esse crescimento, em termos de resultados, foi estrondoso.

Entretanto, ele não precisou ter uma performance tão extraordinária para alcançar essa posição. Quando estava em 680º, o tenista ganhou 49% dos pontos disputados. Para chegar ao top 3, ele fez melhorias específicas e passou a ganhar 52%, um ganho percentual que já não é tão inacessível. Finalmente, para chegar ao topo do ranking, aumentou sua taxa de vitórias para 55%.

O hábito fundamental para a melhoria contínua

Novak Djokovic melhorou seu desempenho ao fazer algumas mudanças em suas próprias ações. Embora a distância percentual tenha sido pequena, ele não trabalhou para ser perfeito, mas sim para ser bom o suficiente. De maneira semelhante, o diretor de performance Dave Brailsford aplicou a mesma lógica para melhorar o ciclismo olímpico da Grã-Bretanha.

Seu foco não era treinar atletas perfeitos; em vez disso, ele buscou melhorar 1% em cada fator possível. Ele observava o desempenho, as roupas, a rotina e os equipamentos, concentrando-se em ajustes específicos. Independentemente de quão pequenas sejam as melhorias, esses hábitos inspiram uma cultura de melhoria contínua. Assim, transformamos sonhos em realidade.

Essa abordagem é conhecida como “filosofia do ganho marginal”. Além disso, é possível aplicá-la em várias áreas da vida. Portanto, o caminho é esquecer a perfeição. Em vez disso, concentre-se no progresso e implemente pequenas melhorias. Quando unimos esforços, faremos uma diferença enorme. Por fim, invista em metas modestas, pois o segredo do sucesso da equipe de ciclismo foi a atenção aos pequenos obstáculos.

O desafio não é vencer a procrastinação

Já falamos sobre a metade do microbook, e o autor explica como pessoas diferentes percebem a mesma tarefa de maneiras distintas. Por exemplo, alguns acham cozinhar uma delícia, enquanto outros consideram uma tortura. Além disso, há aqueles que gostam de ler, enquanto outros enfrentam dificuldades para concluir uma única página. Essa variação representa a dimensão percebida do tamanho do trabalho, um fator que influencia a procrastinação.

Em certos momentos, é muito fácil concluir o que queremos fazer. Por outro lado, em outras ocasiões, passamos horas empurrando com a barriga. Assim, o desafio não é simplesmente parar de procrastinar, mas sim garantir que cada atividade aconteça quando temos a energia adequada para o tamanho que percebemos que ela possui.

Além disso, tarefas e níveis de energia incompatíveis levam à procrastinação. Às vezes, encontramos um momento do dia em que nosso nível de disposição está muito baixo para realizar uma tarefa difícil. Nesse contexto, o cérebro analisa automaticamente o tamanho concebido para a tarefa e o compara com a barra de energia da disposição.

Produtividade é escolher a tarefa adequada no momento certo

Se uma atividade for grande demais para sua disposição, você tende a procrastinar para evitar o esforço. Por outro lado, se a tarefa for pequena, provavelmente a achará entediante. Portanto, você não dará atenção a ela e acabará se distraindo. Assim, busque o equilíbrio entre energia e o tamanho das tarefas que precisa realizar. Em resumo, produtividade é escolher a tarefa adequada no momento certo.

Por exemplo, colar etiquetas é uma atividade que deve ser feita quando você tiver pouca disposição. Caso contrário, se estiver com muita energia, você dispersará sua atenção para outras coisas, pois a tarefa parecerá pequena demais. Nesse caso, você tenderá a buscar atividades mais emocionantes que correspondam ao seu nível de energia.

No entanto, se você quiser malhar ou aprender algo novo, faça isso quando estiver no pico da sua disposição. Se você é matutino, escolha a manhã para essas atividades. Assim, deixe as tarefas entediantes para a noite. O problema do procrastinador é que ele faz exatamente o contrário: empurra as tarefas mais importantes para o momento em que está mais cansado.

Não dá para ter tudo ao mesmo tempo

A força de vontade é uma habilidade que permite dizer “não” ao que atrapalha e “sim” ao que ajuda a alcançar os objetivos. Em essência, ela funciona como um músculo mental. Utilizamos essa habilidade quando precisamos resistir a um desejo ou nos concentrar em algo importante.

Por exemplo, quando você acorda cedo para malhar, mesmo que o que mais queira seja continuar debaixo das cobertas, essa é uma manifestação da força de vontade. No entanto, esse recurso é finito e diminui ao longo do dia. Após uma boa noite de sono, nossa disposição se regenera. Contudo, voltamos a sentir essa diminuição assim que enfrentamos tarefas desafiadoras no dia seguinte.

Além disso, temos um estoque limitado de autocontrole. Uma das razões pelas quais as resoluções de ano novo não funcionam é que muitas vezes são grandes demais. Assim, nos comprometemos com mais coisas do que nossa reserva de força de vontade consegue suportar. Portanto, você pode ter tudo o que quiser, mas não ao mesmo tempo.

Vencendo o perfeccionismo e a procrastinação

Muita gente não convida os amigos para visitar a casa porque nunca acredita que ela está organizada o suficiente. Além disso, outros nunca publicaram suas ideias de livro ao presumir que sempre há algo a melhorar. Da mesma forma, há aqueles que hesitam em enviar um e-mail por desejarem obsessivamente melhorá-lo.

Nesse contexto, o cuidado excessivo se torna um fator de procrastinação. Consequentemente, isso nos faz perder prazos importantes ou deixar tudo para a última hora. De fato, um estudo brasileiro, realizado na Universidade Federal de Santa Catarina, mostra que os alunos mais perfeccionistas também são os mais procrastinadores.

Ademais, a busca pela perfeição traz à tona expectativas impossíveis de alcançar. Assim, quanto maior o grau de perfeccionismo, maior o tamanho percebido da tarefa. Isso, por sua vez, aumenta a exigência de força de vontade. Além disso, o perfeccionismo funciona como uma máscara para a insegurança. Enquanto você se preocupa com cada detalhe milimétrico da tarefa, outras pessoas já realizaram as mesmas atividades várias vezes, graças à menor autoexigência.

Jejum moderado e focado de dopamina

A dopamina é o neurotransmissor da recompensa, responsável por gerar o prazer da expectativa em concretizar algo. Quando realizamos uma ação que a dispara, o cérebro busca reproduzir essa experiência. Esse mecanismo foi fundamental para a sobrevivência da espécie, impulsionando-nos durante a maior parte da nossa existência como caçadores-coletores.

No entanto, o problema é que não estamos mais na savana. Atualmente, não precisamos acordar e caçar alimento, pois vivemos em um mundo com refrigeradores e pacotes de ultraprocessados. Consequentemente, nosso mecanismo de dopamina se tornou frenético. Assim, temos um sistema paleolítico operando em um ambiente dominado pelo TikTok e por bolas recheadas.

Além disso, evoluímos mais lentamente do que o nosso ambiente. Dessa forma, enfrentamos surras diárias do neurotransmissor ao acessar redes sociais, fazer compras ou comer em fast-foods. Por isso, precisamos de um jejum moderado de dopamina. Quando gerenciamos nossas satisfações, o cérebro recupera a sensibilidade para reagir aos pequenos prazeres e sai do ciclo das recompensas rápidas.

Apenas fachada

A luta contra a procrastinação é diária e nunca termina. Durante o dia, ela se manifesta em vários momentos. Em diversas situações, o cérebro compara o tamanho da tarefa com o nível de disposição. Quando uma tarefa é muito exigente, ele tende a se dispersar em busca da dopamina fácil.

No entanto, a ação é um componente crucial nesse processo. Ao agirmos, geramos dopamina no trabalho, criando um ciclo de força de vontade que se retroalimenta. Portanto, não é a motivação que nos faz agir; é o contrário. Agir puxa nossa motivação. Além disso, quando nos exercitamos, liberamos endorfina e encontramos um senso de realização.

Assim, quando saímos da inércia, manter-se em movimento se torna mais fácil. O desafio consiste apenas em dar o primeiro passo. Nesse sentido, o autor sugere uma técnica simples: o “3, 2,1 agora!”. Quando você sentir resistência ao fazer algo, conte até três e simplesmente faça. Essa ação rápida dribla a resistência do cérebro.

Notas finais

O livro de Geronimo Theml explica como o mecanismo de procrastinação funciona e oferece dicas simples para aplicar no dia a dia. Por exemplo, ele sugere escolher a tarefa adequada ao momento, administrar o estoque de força de vontade, evitar o excesso de dopamina e contar até três assim que a resistência surge. Essas estratégias realmente fazem a diferença na luta contra a procrastinação.

Dica do 12min

A dopamina é um poderoso elemento de procrastinação. Esse neurotransmissor nos envolve em um ciclo de expectativa e recompensa, proporcionando prazeres rápidos, como os oferecidos pelo feed das redes sociais. Além disso, em “Dopamina: a molécula do desejo”, Daniel Z. Lieberman explica como essa molécula atua no cérebro. Para entendermelhor, veja no 12min!

Reading A arte de falar e fazer – resenha crítica no #12min! https://12min.com/br/a-arte-de-falar-e-fazer

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